ETERNA INSATISFAÇÃO
Como equilibrar sonhos e desapego para levarmos uma vida verdadeiramente leve.

Vocês sabem que eu acredito que todas nós merecemos realizar tudo aquilo de bom que desejamos. Meu primeiro post do blog, inclusive, foi sobre a concretização de sonhos e como, aos pouquinhos e sem pressa, podemos ir tirando nossos planos do papel.
E nestes últimos dias, vi algumas coisas que me fizeram pensar em como o desapego, na mesma medida que o sonho, pode ser essencial para uma vida mais leve e plena.
Conto para vocês em detalhes o que aconteceu:
Sábado 14 de maio
10h30 da manhã
Amo lavar a louça escutando podcasts. Acho que isso vai contra o conceito de mindfulness (e isso fica para um outro post), mas eu realmente adoro poder ouvir algo engraçado ou inspirador enquanto faço uma atividade que, pra mim, não é a coisa mais divertida do mundo haha!
Bem, enfim, vamos focar no que interessa pro assunto de hoje: o tal podcast que resolvi ouvir e me animar a cuidar da cozinha.
Quero algo que me traga ensinamentos, então vou direto ao último episódio de um podcast que adoro. Qual não é a minha surpresa quando vejo que este é, de fato, o último episódio! O podcast acabou.
Criado por uma moça que admiro muito, este podcast é (ou melhor, era) todo pensado e executada por ela, desde roteiro e gravação até edição. Sei bem como isso requer bastante dedicação e cuidado, pois o Café Com Leveza também é todo feito por mim.
E, então, essa moça, frustrada com as expectativas que tinha com o programa e que não foram alcançadas, desistiu.
Aqui, antes de continuar, vou abrir um parêntese importantíssimo:
Acredito que podemos e devemos desistir de tudo aquilo que já não nos faz bem, de tudo aquilo que não faz mais sentido para nós.
Mas, por algum motivo, essa história do fim do podcast ficou na minha cabeça. Como se algo não se encaixasse.
Domingo 15 de maio
7h da noite
Hoje é aniversário da minha mãe :)
Passamos a tarde com meus pais, irmã e sobrinhos nos divertindo, papeando, comendo, sendo felizes!
E agora à noite, depois de um dia curtindo tanto os simples e deliciosos prazeres da vida, volto a pensar no podcast, na desistência.
E me cai uma ficha do por que esta história me marcou.
Ela me fez pensar em como, se não nos cuidarmos e atentarmos, podemos viver numa eterna insatisfação.
Aqui, muito mais do que falar sobre essa podcaster, falo sobre mim mesma.
Quando ela disse que, depois de ter concretizado seu antigo plano de ter seu próprio podcast, ela desistia pois suas várias expectativas com o programa não foram alcançadas, fiquei pensando em como a nossa ânsia por mais pode transformar até a realização daquele sonho tão bonito em algo insignificante, em fonte de frustração.
E eu vejo isso acontecendo com uma frequência que me entristece muito, especialmente no mundo da criação de conteúdo: pare e pense, quantas vezes pessoas que você conhece não excluíram suas contas no Instagram ou começaram um perfil do zero porque aquele que tinha sido feito com tanto carinho não estava à altura do que elas imaginavam?
Quanta arte e criações preciosas não foram menosprezados por nós mesmas porque nós achamos que precisávamos ter tido um resultado diferente com aquilo?
Quantas realizações que poderiam ser absolutamente felizes não acabaram caindo no lugar de frustração porque nós simplesmente não conseguimos desapegar e achamos que sempre precisamos de mais e mais e mais?
Não me entenda mal, eu reafirmo que nós merecemos ter coisas maravilhosas, mas há uma linha tênue separando a leveza dos sonhos do peso da ambição sem limites.
E há também uma separação às vezes difícil de ser percebida entre desistir do que não nos faz bem e desistir do que é tão lindo, mas foi desprezado pelo nosso apego a ideias que não funcionaram.
Quarta-feira 18 de maio
9h30 da manhã
Hoje é dia de postar este texto. Eu espero que ele chegue até aí, querida leitora, numa hora em que você precise de um incentivo para acreditar que o que você faz é precioso.
Espero que chegue até aí na forma de um abraço de uma amiga que te diz:
Deixe de lado o que não faz mais sentido. Mas se há uma parte de você que ainda acredita no sonho, sorria e, aos pouquinhos e sem medo, continue a sua jornada.
Um beijo carinhoso, Andréia
Saiba que no dia de hoje, seu texto chegou aqui em forma de um abraço daqueles bem apertados e que renovam nossas forças sabe ♡ e eu te agradeço por sempre inspirar de uma forma tão terna, gentil e leve a cada uma de nós que te acompanha. Um grande beijo minha querida♡!
Obrigada por esse texto. Como me ajuda 💜💜💜
Sim. De fato precisamos nos atentar aos movimentos de criação, manutenção e destruição. Na natureza o novo se forma a partir do velho. Uma árvore nasce a partir da semente do fruto que se desprendeu. Conosco não poderia ser diferente. As coisas têm um tempo para serem cumpridas em nossas vidas. Estar atentas a esse timing é nosso papel, como fazemos isso ? Com presença ! Agora, quanto ao fato das expectativas: quando criamos algo esse algo deve ser primeiramente para nós, para nossa satisfação !
Tenho refletido muito exatamente sobre isso. Possuo um sonho que está ficando cada vez mais difícil de alcançar, pois a realidade tem me agraciado, sendo difícil mudar rumo a esse sonho (meta). De certo devo continuar a jornada... de forma leve, mas rumo ao sonho, ou devo desistir e aceitar a realidade?
Você é sempre tão certeira e motivadora. Acredite que seu texto realmente chegou bem quentinho, por aqui! Obrigada 😘🌷